No grande complexo do Memorial da América Latina, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer - localizado no Bairro Barra Funda, em São Paulo (SP) - todos os dias passam milhares de pessoas de várias partes do Brasil e do Mundo.
Algumas vêm admirar as esculturas, as obras de artes. Outros são movidos pelas responsabilidades impostas pelo trabalho. Sem tempo pra muita contemplação. Um espaço democrático, onde ocupação e ociosidade convivem lado a lado ao som da salsa, música eletrônica e do hip-hop.
No espaço de várias tribus, muita gente tenta sobreviver à margem/ou transitando em meio a tudo isso. Vistos por quase ninguém, a não ser quando são notados pelo odor forte de dias sem um banho; pela urina nas calçadas; ou mesmo por um pedido de ajuda (visto como incômodo, uma perturbação de sossêgo).
A Metrópole São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil e a 14° do Mundo. É nela que está a maior parcela das pessoas que vivem em situação de rua, segundo o CadÚnico: 64 mil em dezembro do ano passado.
Valmir, de 52 anos, é uma dessas milhares. Há cerca de 20 anos vive em situação de rua e tenta sobreviver horas notado, horas fora do foco das pessoas e das políticas públicas.
Há pouco dias, ele foi localizado pela equipe da ONG SP Invisível, uma instituição que presta serviços humanitários nas ruas de São Paulo (SP).
"Nasci lá em Sergipe, tenho muita saudade da minha terrinha", disparou.
Segundo Valmir, foram muitos os motivos que o levaram a dormir nas ruas de São Paulo. "Tantos, que até parei de contar, mas resumidamente: problemas pessoais e problemas de saúde. Não é fácil não, guerreiro! Mas o importante é manter a fé em Deus", explicou.
No encontro, deixou nítido que não era um dia bom pra conversa. Ainda assim, mostrou-se grato por receber os cuidados dos voluntários. "Agradeço pelo carinho. Jesus abençoe a todos vocês que nos enxergam", finalizou.
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