Homem é agredido com chicotadas por seguranças de terminal em São Paulo

'Ainda não confirmamos se ele é um morador de rua, mas a violência é evidente', diz post do Padre Júlio Lancellotti.

Em um vídeo de apenas 9 segundos é possível perceber a fúria como três supostos seguranças agridem covardemente um homem vulnerável no Terminal Rodoviário Tietê, um dos locais mais movimentados de São Paulo, no aceso à Estação de Metrô de mesmo nome.

O vídeo, publicado no perfil oficial do Padre Júlio Renato Lancellotti, mostra um dos ‘seguranças’ arrastando o homem pela ‘gola da camisa’ e apanhando com algo semelhante a um chicote. Toda a ação aconteceu aos 'berros' dos seguranças.

O barulho da chicotada é captado pela gravação, assim como os gritos de uma mulher revoltada com o que está testemunhando: "covardia". Neste momento, um dos seguranças faz a negativa e segue em direção das pessoas que gravavam as imagens. Neste momento a gravação é encerrada.

Leia o texto publicado no perfil do padre:

“Recebemos denúncias de uma agressão covarde contra um possível morador de rua. O vídeo, gravado na estação Tietê por volta das 6h da manhã, mostra um homem sendo agredido por seguranças do metrô.

Independente do contexto, nada justifica tamanha covardia e abuso de poder. É doloroso e revoltante ver homens uniformizados, que deveriam proteger, usando sua posição para se sentirem superiores e agredirem impunemente. O fato de o homem já estar imobilizado deveria ter encerrado qualquer uso da força, ao invés de o punirem com suas próprias mãos.

Este episódio é mais do que um ato de violência contra um indivíduo vulnerável, é um reflexo de uma sociedade que ainda vê os mais pobres como menos dignos de respeito e direitos. Tal comportamento é inaceitável e deve ser amplamente denunciado".

Apuração

O Que vem das Ruas procurou a assessoria de imprensa do Metrô que nega que a agressão envolva funcionários da companhia. Disse ainda que a área onde a violência aconteceu pertence ao Terminal Rodoviário do Tietê, um dos acessos ao metrô.

A assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo solicitou as imagens. Minutos depois respondeu que até às 14h30 "a Polícia Civil não localizou o registro do caso com os dados fornecidos".

A reportagem encaminhou e-mail e mensagem via WhatsApp à SOCICAM e recebeu a seguinte nota dizendo que não pactua com o comportamento dos agressores. Leia a nota na íntegra:

"Na manhã desta terça-feira, 23 de julho, a equipe de segurança do Terminal Tietê foi acionada por usuários para conter um desentendimento entre dois cidadãos. Após apuração interna, foi possível identificar que a situação teve início quando a esposa de um deles se sentiu importunada e o marido tentou defendê-la.

A empresa terceirizada tem como função zelar pela ordem e segurança dos passageiros e usuários, bem como do próprio empreendimento. No entanto, a atitude extrema destes prestadores de serviço não condiz com as políticas de atendimento que a concessionária exige em seus empreendimentos. Sendo assim, providencias legais e cabíveis já estão sendo tomadas para que situações como essas não voltem a acontecer.

Vale destacar que, há poucos meses, o mesmo cidadão precisou ser contido no local após causar baderna e discórdia com usuários e prestadores de serviços, danificando, inclusive, algumas lojas."