Documentário ‘Filhos do Freitas’ será lançado nesta quarta em Aracaju
- 11 de fev.
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Localizada nos fundos da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Suissa, em Aracaju, a Casa de Passagem Freitas Brandão oferta atendimento a 50 pessoas em situação de rua de várias partes do Brasil. Entre os serviços estão moradia temporária, alimentação e higiene pessoal.
As histórias são contadas pelo jornalista sergipano Anderson Barbosa no Documentário ‘Filhos do Freitas’, através da perspectiva de três assistidos que encontraram no lugar uma forma de recomeçar a vida. O curta-metragem tem 27 minutos, foi gravado em janeiro de 2025 e será lançado nesta quarta-feira, 12, para os assistidos da instituição.
O abrigo é administrado pela Secretaria de Assistência Social de Aracaju, criado durante a pandemia da Covid-19. “O maior diferencial dele é o tratamento humanizado. É uma retomada da dignidade através de coisa simples para qualquer ser humano, mas quando se está em situação de rua se torna um tormento. No Freitas essas pessoas voltam a sonhar com a possibilidade da inclusão ao mercado de trabalho, retomada dos vínculos familiares e cuidados com a saúde mental”, afirma o jornalista, que desde 2016 tem dedicado à pesquisa e cobertura do tema.
Barbosa ainda explica que o documentário foi gravado em primeira pessoa, valorizando o protagonismo de cada personagem. “Sem a existência de um interlocutor a história fica mais real, mais próxima do público. Acredito que eles também se sintam mais donos de si. Afinal, a rua rouba tudo deles, inclusive a identidade. Quando contam a própria história, conseguem assimilar a importância deles no contexto social”, afirma.
Os personagens
Para o eletricista e ex-marinheiro Pedro Henrique Silveira, que é natural de Propriá (SE), o Freitas Brandão é o apoio da família que nunca teve. "Aqui eu encontrei um lar, uma família e estou reconstruindo a minha história”, revela.
A aracajuana Cristina Ferreira dos Santos, de 54 anos, é formada em serviço social pela Universidade Federal de Sergipe, mãe de três filhos (18, 20 e 21 anos) e vítima da violência doméstica com o ex-companheiro.
Por causa da depressão e com a morte da mãe, Cristina passou a morar em abrigos longe da família. “Aqui a coordenação me chama pelo nome e lembra a todo instante que sou assistente social”, conta emocionada.
Natural do Paraná, Marcos Fernando Garcia Alves, de 49 anos, é técnico agrícola, mecânico de máquina de costura e instalador de câmeras/alarmes. Ele e o irmão estão em situação de rua desde a mortes dos pais.
“Perdi minha esposa em 2018 vítima de lepra, enfrentei uma depressão e logo depois perdi meus pais. Tudo isso em dois anos. Fui muito difícil, mas agora estou conseguindo vencer”, disse emocionado.
No documentário as histórias são costuradas pela coordenadora do abrigo, Kelly Telles, que está no abrigo desde o início e é considerada pela maioria deles como a mãe do Freitas. “Peço a Deus que nenhum mais volta para a rua. Conheço cada um deles e sei que só precisam de uma oportunidade para recomeçar”, declarou.
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